Variações no teor ácido úrico do leite de vaca
- Alan Frederick Wolfschoon Pombo
- 15 de fev. de 1982
- 3 min de leitura
Atualizado: 27 de fev.
Resumo
O teor de ácido úrico em 273 amostras de leite da ordenha da tarde de animais individuais (raças Schwarzbund e Fleckvieh) foi determinado enzimaticamente durante um ano. Mediante o método dos quadrados mínimos foi determinado que o efeito da raça e do número da lactação no teor de ácido úrico do leite teve significância estatística (p < 0,05), enquanto que o efeito sazonal (mês do ano) foi altamente significativo (p < 0,001). O leite produzido nas primeiras semanas do período de lactação contém maior teor de ácido úrico que o leite secretado por animais em estado de lactação média ou avançada, entretanto a análise da variância não mostrou diferença significativa (p > 0,05) para a influência do estágio da lactação no teor de ácido úrico do leite.
Introdução
O ácido úrico é um componente natural do leite de vaca derivado da degradação de purinas. Sua presença no leite pode ser devida à sua transferência do sangue para o leite (origem extracelular) ou a reações catabólicas de corpos purínicos na própria glândula mamária (origem intracelular). O ácido úrico contribui em média com 2,6% do nitrogênio não proteico (NPN) do leite de vaca (5). Foi determinado no leite, provavelmente pela primeira vez em 1919 (2) e confirmado posteriormente em 1924 (1). Após os trabalhos pioneiros (1, 2) seguiram-se pesquisas esparsas (4, 6, 9, 10, 11) deste componente nitrogenado do leite.
A determinação de ácido úrico no leite nos trabalhos citados foi baseada na redução química não específica do ácido fosfotúngstico a azul de tungstênio devida ao ácido úrico presente no leite. O avanço da química analítica permite utilizar hoje técnicas enzimáticas específicas para a determinação do ácido úrico no leite (12). As possibilidades de aplicar a determinação de ácido úrico são muitas, como, por exemplo, na caracterização do estado de saúde do úbere do animal leiteiro (13); na pesquisa do metabolismo de nucleotídeos nas células alveolares; na avaliação de rações mistas; além disso, pode ser usada como método para detectar fraude no leite (7). Todos esses exemplos mostram a necessidade de se conhecer as variações deste componente do leite. Visto que a literatura disponível não fornece informações sobre o assunto, decidiu-se elucidar o efeito da raça, do número e estágio da lactação e do mês do ano no teor de ácido úrico do leite.
Referências
1. BLEYER, B; KALLMANN, O. Beiträge zur kenntnis einiger bisher studierter inhalsstaffe der milch (kuhmilch). Biochem., v. 153, p. 459-486, 1924.
2. DENIS, W.; MINOT, A. S. Methods for the quantitative determination of the non-protein nitrogenous constituents of milk. J. Biol. Chem., v. 37, n. 3, p. 353-366, 1919.
4. KIEFERLE, F; GLOETZL, J. Beiträge zur kenntnis des reststickstoffs der kuhmilch. Milchwirt. Forsc., v. 11, p. 62-117, 1931.
5. KLOSTERMEYER, H.; WOLFSCHOON-POMBO, A. F. Neuere erkenntnisse über den NPN-Gehalt der milch. Molk. Ztg. Welt der Milch, v. 35, n. 45, p. 1.417-1.422, 1981.
6. MAIR, H. Beiträge zur kenntnis der stickstoffsubstanzen der kuhmilch, insbesondere des reststickstoffs und seiner bestandteile. Tese. Univ. Tec. München, Alemanha, RF, 1951.
7. MÜNCHBERG, F. Der wert der bestimmung des reststickstoffes der milch und seiner bestandteile für die milchhygiene. Milchwirt. Forsch., v. 15, p. 50-76, 1933.
9. SHAHANI, K. M.; SOMMER, H. H. The protein and non-protein nitrogen fractions in milk. Methods of analysis. J. Dairy Science., v. 34, n. 10, p. 1.003-1.009, 1951.
10. VENKATAPPAIAH, D.; BASU, K. P. Non-protein nitrogenous constituents of milk. Indian J. Dairy Sci., v. 5, p. 95-116, 1952.
11. VIGNON, B. La fraction aztée non proteique du laite. Importance, nature et variations. Tese, Univ. Nancy I, França, 1976.
12. WOLFSCHOON-POMBO, A. F.; KLOSTERMEYER, H. Enzymic assay for uric acid in milk. Z. Lebensm. Unters. Forsch., v. 173, n. 1, p. 32-34, 1981.
13. WOLFSCHOON-POMBO, A. F. As células somáticas e o NPN do leite. Rev. Inst. Lat. Cândido Tostes, Juiz de Fora, v. 37, n. 219, p. 3-5, 1982.
[64] WOLFSCHOON-POMBO, A. F. Variações no teor de ácido úrico do leite de vaca. Ciência e Cultura, v. 35, n. 2, p. 214-217, fevereiro de 1983.